quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

2010 - 2011

Ontem a noite, no estacionamento da farmacia:

"_ Dudu, sabe que a mamae ainda nao acredita que o vovo morreu? Parece que nao eh real".

Silencio (...)

" _ A mamae tem a sencacao de que vai ligar la, igual todos os dias e ele vai atender."


Silencio (...)

Depois de alguns interminaveis minutos, ele disse:

"_ Mae, eu acho que vc nao acredita porque ainda nao aceitou. Vc precisa aceitar."


Sim, ele tem 7 anos.
Dai eu perguntei pra ele se ele pensa no vovo e ele disse: "Nao". E na vovo? "Nao".
Eu falei pra ele que eu pensava todo dia, principalmente no vovo e ele disse: "As vezes, quando eu "vejo" que vou pensar, eu molho o rosto com agua bem fria e bato duas vezes na minha cara, porque eu nao quero sentir aquela coisa quente, que doi, dentro da minha barriga".

Quando Alex entrou no carro, ele disse uma coisa que talvez faca todo sentido e que eu ainda nao tinha pensado. Ele disse que a minha ficha soh vai cair, de fato, quando a gente voltar pro Brasil e eu encontrar todo mundo, menos eles. Doeu soh dele falar.

Confesso que tenho medo. Agora tenho medo de 2011. Medo de perder.

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Tiaguinho estreiou. Nunca tinha ficado doentinho e ficou gripado, com o peito cheio. Levei ao medico e foi diagnosticada uma infeccao no ouvido direito e da-lhe antibiotico. Ainda bem que ele nao sentiu dor e nem teve febre. Alias, a temporada de gripes aqui em casa comecou com o Dudu, eu vim logo atras com Tiago e Alex nao teve nada (vai ver porque ele "mora" pouco aqui em casa. Rsrs).

Nao tenho muita disposicao hj pra dar "aquela" limpeza na casa, aquela que eu gostaria (armarios, gavetas, etc). Vou fazer aquela basicona mesmo, acender uns incensos e esperar 2011, que 2010 ja deu pra mim. #ProntoFalei.

Vamos ficar em casa mesmo e talvez eu compre uma calcinha nova e cuecas pros mininutudo, alem de pijaminhas. Isso, se der tempo e disposicao pra sair, ainda com as consequencias da ultima tempestade de neve: ruas sujas, enlameadas, etc.

Que 2011 venha pra nos trazendo saude, surpresas boas, amigos verdadeiros, familia unida e dinheiro, que eh bao tambem.

Antigamente, eu fazia listinhas de metas a serem cumpridas. Era tao facil cumprir as minhas metas, que geralmente, eu as cumpria ao final de mais um ano. Ja faz tempo que deixei isso pra la. As coisas ficaram complicadas, a medida que o tempo foi passando. O que eu quero, talvez nao dependa "soh" de mim. Precisa de uma "maozinha" la de cima. Saude pra nos, eh o que eu mais quero na vida.

domingo, 26 de dezembro de 2010

45 do segundo tempo

E 2010 ta indo embora.

Eh engracado como eh contraditorio pra mim quando tento fazer um balanco do que foi 2010.
Logo no comecinho, em marco, nasceu Tiago, enchendo de esperanca os nossos coracoes, que ainda choravam  a morte da minha mae 7 meses atras. Eu, que sentia que nao havia curtido a gravidez dele, com meu coracao em pedacinhos, pude sentir de verdade, como Deus tinha sido bom comigo. E repetindo o que disseram muitas pessoas, Ele levou minha mae, mas me deu de presente meu cacula, um menino grande, saudavel e, diferente do irmao que puxou ao pai, esse era minha cara: os olhos de jabuticaba, o cabelinho bem preto e o nariz, ah, o nariz, deixa pra la, ne? Meu garotinho encheu meus olhos e minha vida de alegrias.

Eu passei o ano todo as voltas com a maternidade, estreiando no papel de mae de 2 filhos com idades
tao diferentes,ou seja, exigindo um jogo de cintura maior da minha parte. Enfim, quando acordei, caminhando ja pro finalzinho de outubro, Tiago entao com 7 meses (hj, com quase 10 meses ainda mama no peito), descobrimos o cancer do meu pai (18 de outubro). Nos preparamos pra batalha, confiantes de que venceriamos ou, ao menos, que teriamos chance de lutar. A gente perdeu. A luta tinha soh comecado e fomos derrotados, a nocaute, com 51 dias desde a descoberta. Eu nunca imaginei meu pai morto. Mas ele morreu. Dai a dificuldade em classificar meu ano:

Ruim, como? Se nasceu meu filho.
Bom, como? Se morreu meu pai.

O Natal chegou, misturando de novo, amargo e doce.
Passamos os 4 em casa, soh nos, de pijama e tudo. Comemos, rezamos, choramos, rimos, abrimos os presentes (o Papai Noel esteve aqui), e exaustos, nos vemos (vimos?) as portas de 2011.

E eu, temendo ser injusta com Deus (oi?), me pego pedindo que ele me de um "refresco" em 2011. Tudo bem pra ele se eu soh ganhasse esse ano? Ah, vai, Deus, 2009 minha mae, 2010 meu pai. Vai que eu tenho algum credito em 2011? Agradeco desde ja.

Hoje, a gente retornou ao Culto do Evangelho no Lar, esperancosos dos bons fluidos que certamente virao e das bencaos que serao derramadas. Assim seja.

Feliz 2011 pra todos. Saude, saude, saude e saude.


terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Rapidinhas

Tem gente que cai. Sabe cair, tropecar em si mesma? Eu sou uma dessas. Nao eh o sapato, o piso, nada disso, eh "desajeito" mesmo. Eu sou desajeitada e quem me conhece sabe. Mas eu caio de madura, esborracho mesmo, faz barulho e tudo. Dai que domingo, fui levar Dudu na festa de um amiguinho, numa dessas casas de jogos infantis e tinha que voltar pra buscar depois. Ok. Demos umas voltas por ali mesmo, pra nao ter que vir em casa e depois voltar, ate dar a hora de busca-lo.

Na hora que chegamos eu falei pro Alex: "Desce e busca ele, porque a mae do menino vai puxar assunto e to de cabeca quente pra ficar gastando meu ingles" (depois explico isso. Eh que pra falar ingles, eu tenho que pensar pra falar,  pra nao por o verbo no lugar errado, essas coisas e tem hora que me cansa, da preguica).
Ele disse: "Vou nada, vai vc, bla, bla, bla, bla, bla, bla..."
E eu fui.
Parece que eu tava adivinhando, ne? Peguei o Dudu, agradeci a mae do amigo, dei tchau a outras maes de meninos da classe dele que estavam la e fomos andando. Fomos andando nao, Dudu foi, porque eu dei 2 passos e cai. Simplesmente cai. Eu soh sei que do mesmo jeito que eu cai, eu levantei, nao olhei pra atras e sai porta afora dando safanao no Dudu, que disse: "Mae, que foi isso?". "Mae, que foi isso eh o %&*$#@#"
O resultado foi que ontem amanheci doendo e toda roxa na coxa, na bunda, na perna. Fiquei imprestavel. A noite marido fez uma massagem com Bengay (o cheiro do meu avo) e hj to melhor, mas ainda com dor.

Decidimos nao passar Natal na casa de ninguem. Alias, nao eh bem assim. Nossa unica opcao eh na casa da Ju e do Borracha, que esse ano vao pra casa do irmao dela, numa outra cidade e a gente decidiu ficar em casa mesmo. Vai rolar uma "embromation" pro Dudu que ainda acredita no bom velhinho e infelizmente o Tiago nao vai ver o Papai Noel "em pessoa" como o Dudu sempre viu. Mas esse ano, de qualquer forma, a gente nao esta muito a fim de festa nao. Vamos ficar os 4, faco aqui uma comidinha basica e pronto. O que a gente quer mesmo eh ver a alegria das criancas. Pra nos, eh o que vale. Eu nunca gostei de Natal, nem quando estava no Brasil, com minha familia toda reunida e feliz. Nao sei porque, eh coisa minha mesmo. Fico deprimida. Mas, eu tento nao passar isso pras criancas, entao a casa ta enfeitada, a arvore lindona e todos os simbolismos presentes (mas Dudu sabe, exatamente, o que significa o Natal e a gente acha importante que ele tenha isso, norteando todas as comemoracoes, presentes, etc).

E vamos seguindo...

sábado, 18 de dezembro de 2010

A beira de um ataque de nervos

Olha, vou falar uma coisa. To cansada demais, demais, demais mesmo. Muito mais cansaco mental do que fisico e diria que beiro a exaustao. Cuidar de duas criancas, um marido, uma casa, comida, roupas, limpeza, tarefas de escola do mais velho e o que demanda um bb de 9 meses full time, nao eh bolinho e o que eh pior, sem ajuda, sem nada. Sou eu e eu. Nem fazer coco eu posso em paz, quanto mais lavar o cabelo, sem que alguem grite meu nome (ou variaveis dele) incontaveis vezes.

E alem de tudo, quando a gente nao trabalha fora, as pessoas pensam que a gente nao trabalha (isso, inclue o marido).

A rotina de dona de casa eh complicada porque, tipo assim, nao tem descanso, nao tem day off, nem domingo e nem feriado. No meu caso, quando meu marido chega (ja a noite), eu quero que ele fique com as criancas, nem que seja pra que eu me enfie debaixo da cama e ouca o som do silencio. Mas o que acontece eh que ele tambem chega exausto, cansado e sem saco. Sobra pra quem? Pra mim de novo.

No meu caso ainda eh pior (pausa pra buscarem lenco de papel pra chorar) porque eu nao tenho NINGUEM por perto. QUANDO EU DIGO NINGUEM EH NINGUEM MESMO. Nao eh como no Brasil, que tem todo um staff por perto, alem de milhoes de pessoas que podem dar "aquela maozinha" quando a coisa aperta. Eu juro, as vezes eu precisava SOH tomar um banho em paz e de preferencia de porta fechada. Agora, o luxo do luxo, seria fazer coco SOZINHA no banheiro.

Meu dia comeca invariavelmente as 6:15 da manha e termina as 9:00 da noite quando eu consigo deitar o ultimo menino (quando eu digo deitar, nao significa que seja na cama dele, pode ser na minha, na sala e ate na cozinha caso a crianca em questao deseje, porque essa hora eu ja nao tenho disposicao de argumentar ou negociar nada. Durma onde quiser, filho amado, mas durma).

Sem falar que se eu troco meia duzia de palavras com meu marido eh muito. Quando ele chega, eu ja nao articulo palavras, eu "grunho" ou rosno e como diria meu irmao, me torno  "um ser de altissima periculosidade".

E ainda dizem que a gente tem que cumprir obrigacoes "maritais"? Faz-me rir, porque soh se for pra cumprir tabela, porque a vontade... Humpft. Sem comentarios.

Quando eh entao, que eu navego na internet, posto no blog, vou ao Twitter? Quando, por exemplo, um dorme e o outro joga video game. exatamente como agora. Mas ai a postagem fica sem peh e nem cabeca porque eu preciso correr, fazer compras, alguma coisa pra o Natal que dizem que esta chegando e amanha tem tempestade de neve, o que significa que eh preciso estocar algumas coisas pelos proximos 4 dias.

E dai ontem, quando o dia acabou eu deitei no colo do marido e chorei. Chorei, chorei, chorei. Era uma crianca grande chamando pelo pai. Mas ai era saudade e essa nao tem remedio.


sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Terra Encantada

Dai que ontem, eu tava bem tirando o po dos "movius", quando vi rapidamente a minha cidade na tela. Parei tudo e fiquei prestando atencao pra ver se era mesmo. Mas eu jamais erraria. Conheco Goiania como a palma da mao, se bem que a "palma da mao" mudou muito em 5 anos. Enfim, parei ali, abobada vendo a TV e nunca imaginei que fosse chorar vendo a Av. Goias. Mas chorei! Como ta linda, ne? Dai que o reporter da Ana Maria disse que estava na Pca Civica e mostrava a estatua dos Bandeirantes. Onde? Na Pca. dos Bandeirantes, obvio, e nao na Pca. Civica. Tudo errado.

Ah gente, dai eu viajei... Fiquei ali imaginando, refazendo meus caminhos dali, esquina com a Anhanguera, ate a Rua 7 do Setor Oeste. Imaginei a portaria do predio, subi pelo elavador e juro, meu coracao disparou. Pra falar a verdade, ninguem pode imaginar quantas e quantas vezes nesses 5 anos, eu me vi chegando. Imaginei inumeras situacoes, mas eu sempre voltava. Mas voltando ao programa de ontem, como Goiania ta bonita. Alguns lugares, definitivamente, eu nunca tinha visto.

A gente tem o Google Search aqui no computador, que eh uma busca por satelite e atraves dele, eu posso voltar a muitos lugares por onde vivi e estive a vida toda.

Eu ja parei e voltei a escrever esse post umas 3489056 vezes. Dudu que amanheceu gripado de manha e dizendo que estava muito indisposto pra ir pra escola e ate febril, esta otimo agora (gracas a Deus), mas nunca vi uma indisposicao passar tao rapido. Dai, com os dois aqui, a coisa fica meio caotica, com o serzinho quase andante, escalando as minhas pernas ou os moveis o dia todo. Nao me sobra tempo pra muita coisa.

Sem falar que perdi o sono de noite, acordando pra dar remedio de tosse pro Dudu. Parece que tem areinha nos meus olhos.

O dia ainda demora a acabar?

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Um dia apos outro

Engracado como venho oscilando. Hj o dia vendo sendo particularmente mais dificil. Eu tenho sentido muita falta dele, mas hj ta complicado. Ligar pra ele, ouvir aquela voz e as frases que eram dele, me fazem uma falta grande. Talvez pra aliviar a minha dor, venho pensando que fui boa filha, de uma forma geral. Eu tive alguns conflitos adolescentes com meu pai, mas quem nao teve? Mas depois disso nao, ele sabia que eu o amava profundamente e tive orgulho dele. Especialmente quando vim morar fora, a gente se aproximou muito. A gente compartilhava, conversava muito, tinhamos planos e ele foi embora sem que eu pudesse cumprir com nenhum deles.

De algum tempo pra ca, ele me pedia constantemente pra ir embora e confesso que chegou a me irritar. Poxa, ele sabia que eu "ainda" nao podia. Ele eh que nao podia mais esperar e talvez soubesse, sentisse, sei la. Mas o fato de saber que ele morreria, acho que nao me faria ir embora. Poder ainda viver com ele, rir com ele, desfrutar da VIDA com ele, isso sim, me faria.

Eu lamento muito pelos meus filhos. Dudu manteve sempre vivo o avo, mesmo a distancia e tinham juntos, mil coisas pra fazer, pescar era uma delas. Ja o Tiago, perdeu a chance de conhece-lo, mas eu me encarrego, meu pequeno, de faze-lo conhecer seu avo, que foi morar la no ceu, junto da vovo. A saudade tava pesada pra ele.

As fotos dele estao aqui, espalhadas pela casa, onde sempre estiveram e eu ainda peco a bencao todas as manhas. "Deus te abencoe, minha filha", eu ainda ouco.

O fato eh que hj ta doendo mais que ontem, mas  eu nao tenho desespero, sob pena de perturba-lo, de atrapalha-lo, de inquieta-lo. A saudade doi no fundo, chega a ser fisica, mas eh calma, como ele sempre foi. "Eh a leia da vida, minha filha", certamente ele diria.

E vamos levando, meu pai, como precisa ser.

A gente se ve.


quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Amigos

Fiquei emocionada hj. Muito. Coisa boa eh ter amigos, ne? Eu tenho poucos, confesso. Amigos, aqueles de rir e chorar, aqueles que entendem seu silencio, aqueles que conhecem o seu pior lado, seus piores defeitos, seu chule; esses eu posso contar nos dedos das maos. Cuido deles e sou cuidada. E hj, recebi uma linda lembranca de um desses amigos. Posso contar, ne, Negao?

Negao eh minha amiga a seculos e madrinha do Dudu, o que melhora muito seu curriculo. Nos conhecemos no comecinho da adolescencia (nem faz tanto tempo assim) e desde entao, a gente construiu uma relacao muito bacana e muito valiosa pra mim.

Mesmo eu estando tao longe, ela esteve do meu lado nos momentos em que eu pensava que nao ia suportar, como agora. Ficou calada no msn comigo, mas eu sabia que ela estava ali. Me escreveu uma carta linda quando soube da morte do meu pai, esteve no velorio e abracou meus irmaos. E hj, quando eu mandei um e-mail avisando do blog, timidamente, me contou sobre algo que tinha escrito. Fui no blog dela e li. Ri, chorei, fiquei muda e vou linkar . Clica aqui oh: http://taizarenata.blogspot.com/search?updated-max=2010-12-14T09%3A07%3A00-02%3A00&max-results=1

Ah! Sem falar que ela tem um monte de seguidores e eu soh tenho ela. Lembrei daquela musica, Negao, do Leo Jaime (Ui, antigo, ne?): "Vc vai de carro pra escola e eu soh vou a pe, vc tem amigos a beca e eu soh tenho o Ze..."

Taiza, vc tem o peh mais feio que eu ja vi na vida, mas eu te amo mesmo assim.

A Perda do Pai - Artur da Tavola

A perda do pai: quem sabe vivenciá-la? Como aceitar mortal e falível aquela pessoa grande, capaz de conseguir o universo, logo ele, o provedor, abridor de caminhos pelos quais começamos a passar medrosos?

A perda do pai é a retirada da rede protetora no momento do salto. E há que saltar. É o roubo feito no exato momento em que estávamos a descobrir o melhor do mundo.

A perda do pai é a entrada no lugar-comum, é começar a ser igual a todos os que a sofrem, a ter os mesmos medos, as mesmas frases. É voltar a se emocionar com o que se desprezava: datas, pequenas lembranças, objetos, palavras e até com as manias dele que nos irritavam.

A perda do pai é o começo do balanço da própria vida, porque, enquanto vivia, era mais fácil nele descarregar alguns fracassos e culpas.

A perda do pai é o início da significação. As palavras começam a fazer um estranho e novo sentido.

A perda do pai começa a nos ensinar o valor do tempo: o que não fizemos, a visita deixada para depois, o gosto adiado, a advertência desdenhada, o convite abandonado sem resposta, o interesse desinteressado...tudo isso volta, massacrante, cobrando-nos o egoísmo. Nosso primeiro exame de consciência verdadeiro começa quando o pai morre. Nosso encontro com a morte inaugura-se com a dele. Nossa primeira noite sem proteção consciente, dá-se quando ele já não está. E nunca somos mais sós que na primeira noite em que já não o temos. O pai é o mistério enquanto vida e a revelação depois de morto. Num segundo, entendemos tudo o que, durante a vida, nele nos parecia uma gruta de mistérios. Seus objetos ganham vida, suas comidas preferidas passam a ter mais gosto, suas frases adquirem o sentido que só o tempo e a repetição outorgam às coisas.

A perda do pai dói muito! Isso é tudo. Para que querer saber por que? O pai é o eu no outro. É dois em um, santíssima dualidade a proclamar o mistério e a glória de existir, dívida que com ele temos, sem nunca conseguir pagar, o que o faz por isso mesmo, sempre, muito melhor do que nós...

O comeco do comeco

Eu diria que ja tentei manter alguns blogs, mas me cansei de todos. Uns me cheiravam a novelinha mexicana e outros, simplesmente nao fluiram. Eu gosto de escrever e o que acontece eh que "presenteio" algumas pessoas com e-mails loooongos e que nao final, eu acabo esquecendo a razao. Talvez seria essa, umas das razoes, de tentar ter um outro blog. Tipo, vai ler que tiver a fim.

Eu sou uma legitima Brasiliense, o que me confere uma certa facilidade com a escrita, modestamente.

Algumas pessoas sempre me motivam a escrever (Tia B e Tio Paulo, por exemplo) "tietes" dos meus infindaveis e-mails. Alias, logo eles, escritores natos. Eu tive a quem puxar.

Muitos disseram que nesse momento seria bom pra mim, escrever. Talvez dividir com outras pessoas, nao sei. Mas tambem nao posso garantir que vou levar adiante. A intencao eh escrever , eh partilhar. Soh. Sem mais expectativas.

Eu teria que ter um "norte" pro blog. Mas nao tenho. Vou escrever o que tiver vontade, quando tiver vontade e vai ser bacana pra mim, em algum momento, ler o que eu escrevi la atras. Como eu pensava e como eu me sentia. Acho que o saldo vai ser positivo.

Hoje o momento eh de dor, mas de crescimento inevitavel. Eh impossivel sair dessa como eu entrei. Definitivamente.